Sobre o Disco


Mestre Francisco José de Bulhões (Seu Chiquinho). Disco Ciranda de Paraty, 1976. Quatro faixas. O disco se subintitula documentário sonoro do folclore brasileiro número 11. A fotografia da capa, que traz Seu Chiquinho ao centro, ladeado por duas damas de costas em movimento de dança, dá a impressão de um documento envelhecido. Amarelado pelo tempo. O efeito de uma superexposição, com brancos estourados, faz com que os detalhes de fisionomia fiquem estilizados. Onde há pretos intensos na foto, como na sombra da porta ao fundo da sala, a imagem está amarelada. É interessante que a objetividade proposta pela ideia documental da cena seja parcialmente descaracterizada pelo tratamento dado à imagem.
Este tratamento é, na verdade, uma marca da coleção. Cada disco de uma manifestação traz sua cor predominante. No canto superior esquerdo da capa há uma figura em negrito desenhada de um cavalo marinho, seguida da inscrição CDFB-11. O cavalo marinho é o selo fonográfico da coleção. Ele se repete em todos os exemplares da coleção, que vai sendo editada entre 1976 e 1979.
Todos os exemplares da coleção têm o mesmo espaço diagramado para o texto. A contracapa traz no alto um título com referência ao lugar. No caso de Ciranda de Paraty o título é autoexplicativo, pois junta a manifestação à sua localização geográfica no território nacional. Não há referência ao estado, como ocorre em outros títulos. Por exemplo: Coco/Ceará; Fandango/Paraná; Congos/Paraíba.
É importante atentar para o caráter territorial dos títulos, que pretendem uma cartografia das manifestações. Uma ideia de território cultural que se forma historicamente, incluindo, em parte, a visão dos folcloristas. O texto institucional no retângulo superior da contracapa de Ciranda de Paraty é de Maria de Cassia Nascimento Frade. A folclorista descreve sumariamente no texto as origens do folguedo, que mistura, segundo a autora, rodas indígenas às quadrilhas trazidas pela missão francesa de D. João VI.


Os nomes de várias cirandas são apontados como sequência de um baile. As danças que acompanham cada peça gravada são descritas, assim como os instrumentos utilizados. No quadrado inferior esquerdo vêm os títulos gravados e a duração. Face A. 1 – Chiba-Cateretê (abertura), 3’23”; 2 – Cabôco Véio, 2’37”. Face B. 1 – Carangueijo, 2’29”; 2 – Tonta (despedida), 3’15”. Gravado na Rua do Catete, 179, Rio de Janeiro, em 06/12/1975, por técnicos da Agência Nacional.